terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Seis imóveis históricos convertem-se em hotéis de “charme”

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) vai colocar no mercado, a partir de Fevereiro, seis edifícios de interesse patrimonial e arquitectónico, localizados em bairros históricos da cidade, para que sejam convertidos em hotéis de charme. A iniciativa é apoiada pela Associação Turismo de Lisboa (ATL) e visa promover a cidade como destino turístico de qualidade.

Com a designação “Lisboa, Capital do Charme”, o projecto visa a reabilitação patrimonial de edifícios históricos, salvaguardando o seu usufruto público, e o aumento da oferta hoteleira personalizada para turistas com elevados padrões de exigência.

“Lisboa, enquanto marca turística, apresenta-se como uma cidade em que o passado e o presente se cruzam, proporcionando experiências únicas e inesquecíveis a todos quanto a visitam. Em resultado desta capacidade de atracção, a oferta hoteleira na capital tem sido reforçada, mas é ainda possível captar novos segmentos, como os que procuram hotéis de charme”, explicou Vitor Costa, presidente da Associação de Turismo de Lisboa, aquando da apresentação do projecto.

O representante do Turismo de Lisboa defendeu ainda que, neste contexto, “para reforçar a notoriedade e charme da marca Lisboa”, seis palácios e palacetes devolutos ou ocupados de forma desadequada vão ser colocados em hasta pública para serem convertidos em pequenas unidades hoteleiras.

A reconversão de imóveis que fazem parte da história e da identidade de Lisboa vai reforçar a oferta de hotéis requintados e, segundo o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, “irá ser dada, preferencialmente, a gestão a marcas prestigiadas nacionais e internacionais que já operem no ramo”.

O autarca refere ainda que “os futuros hotéis, que se vão distinguir pelo ambiente de elegância, exclusividade e riqueza arquitectónica, destinam-se a um turista exigente, com elevado poder de compra e que busca algo de novo e único”.

Para António Costa trata-se de “dar utilidade turística a um património que ou está desocupado e degradado ou está a ser usado por serviços” camarários e “reforçar a atractividade turística de Lisboa no segmento dos hotéis de charme”.

Localizados em bairros históricos, com uma identidade muito própria, os palácios e palacetes para os quais a CML procura investidores são: Palácio Braamcamp (Príncipe Real), Palácio Visconde do Rio Seco (Bairro Alto), Palácio Pancas Palha (Santa Apolónia), Edifício Passo da Procissão do Senhor dos Passos da Graça (Castelo), Palácio Machadinho (Madragoa) e Palácio Benagazil (Olivais).

O Palácio Braamcamp beneficia de uma localização única, entre o Bairro Alto e o Príncipe Real. Construído no século XIX, trata-se de um edifício de interesse arquitectónico e patrimonial, com trabalhos decorativos escultóricos e trabalho em madeira entalhada que lhe conferem um ambiente de requinte e elegância, ideal para uma unidade hoteleira de charme. Neste palácio poderá ser executada uma ampliação até 200 metros quadrados. Desta forma, poderá vir a albergar 20 unidades de alojamento.

Integrado na zona de Santa Apolónia, o Palácio Pancas Palha sofreu diversas intervenções desde a edificação, anterior ao século XVII. No edifício destacam-se os estuques e o programa decorativo das áreas nobres. A unidade hoteleira a instalar vai ainda usufruir de um espaço verde para lazer. Possuindo quatro pisos, existe a possibilidade de aumentar um piso, passando a ter capacidade para 15 quartos.

No bairro da Madragoa, o Palácio do Machadinho encontra-se em bom estado de conservação e possui alguns valores patrimoniais interessantes que vão permitir a rápida conversão em unidade hoteleira. No palácio destacam-se os tectos estucados e os painéis de azulejos da Mouraria e de Carnide, colocados pela CML durante as obras de reabilitação do edifício. Este palácio também poderá ser ampliado num piso, passando a ter cinco, que poderiam albergar entre 35 a 40 quartos.

Junto ao Castelo, no Largo Rodrigues de Freitas, o Edifício do Passo da Procissão do Senhor dos Passos da Graça data do século VII, distinguindo-se dos restantes pelo cariz religioso. Entre 1987 e 2000, albergou o Museu da Marioneta, e desde então está desocupado, não estando em muito bom estado de conservação. Depois de reabilitado poderá dispor de 25 unidades de alojamento.

Em pleno Bairro Alto, o Palácio Visconde do Rio Seco constitui um exemplar tardio da arquitectura palaciana, mas também um testemunho das mudanças do carácter do Bairro Alto dos últimos dois séculos. Estando a ser sujeito a obras, o Plano de Urbanização do Núcleo Histórico do Bairro Alto e Bica permite a ampliação de mais um piso, passando, desta forma a ter três pisos, com capacidade para um total de 20 a 25 quartos.

Os edifícios para conversão hoteleira ficam completos com o Palácio Benagazil, um edifício com uma localização insólita: em pleno Aeroporto de Lisboa. Este é um edifício majestoso que, pelas suas características arquitectónicas, possibilita a transformação num hotel de charme, junto a uma das grandes entradas de turistas na capital. Neste palácio existe a possibilidade de ser construído um novo corpo, que juntamente com o já existente poderia vir a dispor de 30 quartos.

A Câmara aprovou um preço base de licitação de 3,3 milhões de euros para o Palácio do Machadinho, 400.024 euros para o Palácio Visconde do Rio Seco, 1,8 milhões de euros para o Palácio Brancaamp, 1,4 milhões para o Palácio Benagazil, 1,5 milhões para o Edifício Passo da Procissão do Senhor dos Passos da Graça e 4 milhões para o Palácio Pancas Palha.

O projecto “Lisboa, Capital do Charme” está alinhado com o PENT – Plano Estratégico Nacional do Turismo, que recomenda o crescimento moderado da oferta hoteleira até 2017, ano em que Lisboa deve oferecer com um total de 42.521 camas. No ano passado a cidade dispunha de 26.615 camas e em 2006 de 24.873.

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